quarta-feira, 29 de agosto de 2007

Concentração de renda faz criança pobre ter menos peso e altura


Um brasileiro da camada mais pobre, ao completar um ano de idade, é 900 gramas mais magro e 3,4 centímetros mais baixo que o seu compatriota de renda mais alta. A defasagem continua, ano após ano, até chegar a 9,7 quilos e 5,9 centímetros, quando ele completa 19 anos. Os números são da POF (Pesquisa de Orçamentos Familiares) 2002-2003, divulgada nesta quarta-feira (29) pelo IBGE ((Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Fonte: www.ibge.gov.br
A tabela ao lado mostra a evolução dessa desigualdade, que retrata o tamanho das carências alimentares dos brasileiros pobres no momento em que o IBGE coletou os dados. As crianças da faixa mais pobre, com renda familiar per capita de até meio salário mínimo, apresentam em média menos altura e menos peso em todos os anos do seu crescimento. A diferença chega ao pico no início da adolescência: aos 14 anos, a criança de renda mais baixa tem 11,4 cm e 9,0 k a menos.
Alagoas é o estado com maior desigualdade
O estudo do IBGE mostra que o rendimento médio dos mais ricos é dez vezes maior que o de dos mais pobres. No ano de 2003, 40% de famílias com menos rendimentos possuíam, no país, uma despesa per capita de R$ 180, enquanto as 10% mais ricas tinham gastos em torno de R$ 1.800. A reda dos 40% mais pobres era de R$ 758,25 em média; a dos 10% mais ricos, de R$3.875,78.
No entanto, a POF trabalha com apenas cinco faixas de renda familiar per capita: até meio salário mínimo, de meio a 2, de 2 a 5 e mais de 5. Não permite portanto o exame em separado da faixa dos verdadeiramente ricos.
A discrepância entre os 10% mais ricos e os 40% mais pobres se acentua no Nordeste. Nessa região os mais ricos tiveram gasto per capita de R$ 1.600, enquanto os mais pobres gastaram R$ 138, ou 11 vezes menos. Já nas regiões Norte e Sul a diferença foi de oito para um. Alagoas ficou com o maior nível de desigualdade: 15,6 vezes. O Amapá registrou a menor disparidade: 5,3 vezes.
Pico da concentração ocorreu em 1980
As desigualdades de renda no Brasil, tradicionalmente entre as maiores do mundo, se exacerbaram até o pico registrado no Censo Demográfico de 1980. Desde então sucederam-se frases de alívio ou de agravamento, com ligeira tendência desconcentradora. Os dados da POD 2002-2003 foram colhidos no primeiro ano do governo Lula, que se propôs como bandeira a melhor distribuição da renda.
A Pesquisa de Orçamentos aponta desigualdades não só regionais mas também raciais, de gênero, nível de escolaridade e até religião. Famílias com pessoa de referência que se declarou branca tinham um rendimento total médio mensal de R$ 2.282,71, enquanto naquelas autodeclarada de cor preta era de R$ 1.263,59 e a que se considerava parda, de R$ 1.241,80 (reproduzimos aqui o critério de autodefinição de cor adotado pelo IBGE).
Fonte: http://www.ibge.gov.br/

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