terça-feira, 14 de agosto de 2007

UNE fará campanha para legalizar aborto

No comando da UNE (União Nacional dos Estudantes) desde o mês passado, mas oficialmente empossada nesta sexta (10), Lúcia Stumpf, 25, estudante do sétimo semestre de jornalismo da Fiam, em São Paulo, quer levantar discussões que vão além da esfera estudantil. Seu primeiro projeto é lançar uma campanha pela descriminalização do aborto e fazer plebiscitos nas universidades. As ações, afirma, começam neste semestre.


"Estamos organizando uma grande campanha nas universidades sobre a necessidade de descriminalizar o aborto no Brasil. A UNE tem de fazer uma discussão sobre isso porque é uma realidade que a gente vive", diz. Para ela, a entidade tem o dever de dar início ao debate e encaminhá-lo ao governo. "Estamos preparando o material e pensamos em fazer um plebiscito sobre o tema dentro das universidades."

Bonita, estilo patricinha e fã de punk rock, a primeira mulher a assumir a entidade em 15 anos diz que faria um aborto "sem nenhuma dúvida" e está preocupada com questões que se referem às condições de estudos das mulheres.

"Em 70 anos de UNE, houve 50 presidentes homens e apenas quatro mulheres. Acho que isso mostra que mesmo a universidade e o movimento estudantil reproduzem muito do machismo que existe na sociedade brasileira."

Jornada de lutas

Lúcia já marcou, para a semana que vai de 20 a 24 deste mês, o início do que chama de "jornada de luta": passeatas e ocupações a reitorias para pressionar o governo a regulamentar o ensino privado e a melhorar o orçamento das universidades públicas. No dia 22, uma passeata unificada com movimentos sociais espera tomar conta de todo o país.

"Queremos o aumento de R$ 200 milhões para as instituições federais para que sejam gastos apenas em assistência estudantil, como moradia, restaurantes e creches", diz. "Hoje a estudante que engravida é penalizada, é obrigada a abandonar os estudos porque é impossível conciliar a maternidade com a sala de aula."

Filiada ao PC do B há oito anos, filha de médicos e namorando há dois anos, a nova presidente fazia faculdade em Porto Alegre (RS) antes de vir a São Paulo por causa do movimento estudantil, mas diz não querer seguir carreira política.

Lúcia foi eleita sem ter tido concorrentes e encara as invasões como uma das principais armas dos estudantes. "Invasão de reitoria é uma forma de pressão que temos e não descartamos ocupações em agosto, tanto em universidades públicas quanto em particulares."

Lúcia afirma que a principal luta da entidade hoje é nas universidades particulares. "Como 70% dos estudantes estão lá, e ainda não conseguimos inverter essa situação, temos de atendê-los. A maior parte da nossa base está na particular e é quem mais sofre com a má condição de ensino."

Folha de S. Paulo

PRESO COM VÍRUS HIV MORRE


PASTORAL CARCERARIA DENUNCIA FALTA DE ASSISTÊNCIA MÉDICA

No dia 10 deste mês e ano, faleceu um detento do Conjunto Penal de Itabuna – Fabiano Santos Catarino, tendo sido atestado como causa mortis, Falência Múltipla de Órgãos – Síndrome de Imunodeficiência Adquirida (HIV).

A Pastoral Carcerária, através do Pe. Marcos Antonio de Souza, coordenador da Diocese de Itabuna e do Drº Davi Pedreira, coordenador da Pastoral Carcerária no Nordeste III – Bahia e Sergipe, em encontro com os Pais da vítima e, após visitar a Direção do Conjunto Penal de Itabuna e o setor médico da unidade, pode constatar de que existe uma deficiência no atendimento médico prestado aos detentos quando os mesmos precisam ser atendidos pela rede pública – SUS. O preso do Conjunto Penal de Itabuna é considerado pela rede pública como um cidadão SUS, ou seja, TEM os mesmos direitos que qualquer cidadão domiciliado em Itabuna.

O que ocorreu com o detento Fabiano é que o mesmo quando foi removido da Cadeia Pública de Itabuna para o Presídio, quando de sua inauguração em Dezembro do ano passado, já era portador do Vírus HIV e, segundo o médico do Presídio Drº Teobaldo, já deveria estar usando o medicamento denominado Retroviral. Não se sabe ao certo por que o preso, apesar de ter sido encaminhado para a unidade municipal de controle da AIDS, não passou a fazer uso do medicamento.

Os familiares do detento também alegam que, apesar de ter sido internado no hospital de Base de Itabuna, lá demorou a fazer uso do medicamento necessário.

Nesta manhã, a Pastoral Carcerária de Itabuna pode constatar que um outro detento – Sirlon Santos Soares, apesar de precisar de uma cirurgia de Hérnia, com urgência e ter sido encaminhado para o Hospital de Base em abril do presente ano, até agora não conseguiu nem marcar a cirurgia.

A queixa é geral, no sentido de que há um grande descompasso entre a Administração do Presídio e rede pública municipal, quando se trata de atendimento de qualquer natureza aos detentos do Conjunto Penal de Itabuna.