sexta-feira, 18 de maio de 2007

Uma luta para mulheres e homens

Apesar dos avanços dos últimos anos, a desigualdade continua e a violência contra a mulher é um problema alarmante


Conferência Nacional Sobre a Questão da Mulher neste momento?Liège Rocha: O 11º Congresso do Partido aprovou o novo Estatuto, que estabelece a realização periódica da Conferência Nacional sobre a Questão da Mulher “para elaborar e implementar políticas sob a ótica de gênero, consoante com as demandas da emancipação da mulher e sua participação na luta transformadora, bem como na vida partidária”. E, cumprindo esta deliberação, a Comissão Política Nacional do Comitê Central convocou a Conferência para os dia 29 a 31 de março deste ano, em Brasília. A Classe Operária: O regimento prevê uma cota de 30% de homens na Conferência. Qual o significado desta atitude?Liège Rocha: Na verdade o documento que convocou a Conferência indicou que “no mínimo 30% e no máximo 50º da delegação estadual sejam de homens”. Isto se deve ao fato de o Partido ter como objetivo fazer com que a luta pela emancipação da mulher seja assumida pelo coletivo partidário, rompendo assim com a idéia de que esta é uma questão que diz respeito apenas às mulheres. A Classe Operária: O PCdoB propugna por uma corrente “emancipacionista” no seio da luta feminista. Quais as principais diferenças desta corrente para as demais?Liège Rocha: A UBM é a expressão da corrente emancipacionista que entende que a opressão específica da mulher caminha e se desenvolve entrelaçada com a opressão social, de classes, e que a mulher sofre opressão “enquanto ser sexual e ser social”. A UBM pauta a sua atuação levando em conta a dupla dimensão da opressão de classe e gênero e persegue a construção do socialismo. No movimento feminista existem diversas concepções, como a que defende a autonomia em relação a partidos, sindicatos, instituições. Algumas se manifestam como se as mulheres fossem uma “classe social”, que podem promover uma revolução se chegarem ao poder; não consideram a luta de classes como fator determinante, e engrossam a corrente dos que acham que o movimento por si só basta. Há ainda as “sexistas”, que colocam a defesa do direito de decidir sobre o próprio corpo como o centro de sua atuação, enquanto outras se pautam só pela conquista dos direitos formais, traduzindo assim uma visão reformista. Ainda permeia o movimento feminista a distinção entre as que defendem a luta geral e as que defendem a específica, esquecendo que uma não pode prescindir da outra. Leia mais clicando no titulo.